No Final do Corredor

histórias, experiências e lições de vida

11 de dezembro de 2016
Ana Lucia Coradazzi

89 comments

A UTI dos idosos

idoso-na-utiEla tinha 99 anos, três derrames cerebrais e um câncer de mama em sua história de vida. Uma pneumonia seguida de rebaixamento permanente do nível de consciência (por um provável quarto derrame) a levaram à UTI, onde permanecia o tempo todo inconsciente e dependente de aparelhos para respirar, e com a desanimadora chance de menos de 1% de terminar seus dias fora dali. Não seria tão espantoso se ela fosse um caso isolado, que tinha ido parar ali por acidente, por uma avaliação médica apressada ou pela insegurança dos familiares. Mas não era. Bastava olhar para os leitos ao seu redor para entender que algo muito errado estava acontecendo.

O paciente à sua frente tinha quase 90 anos e um câncer de próstata avançado, com metástases ósseas disseminadas, tão magro que podíamos perceber seus ossinhos em saliências sob o lençol. Ao seu lado, uma senhora de 87 anos com insuficiência renal crônica, dependente de hemodiálise, que tinha evoluído com mais um edema pulmonar (era a quarta vez que era internada na UTI nos últimos 4 meses). Ela respirava com a ajuda de aparelhos há mais de uma semana, sem qualquer indício de que um dia poderia se livrar deles. Do outro lado, outro senhor idoso, por volta dos 90 anos, padecia de uma insuficiência cardíaca tão grave que não era possível retirar drogas vasoativas (medicações endovenosas administradas continuamente para que o coração pudesse exercer minimamente seu trabalho). Ele provavelmente nunca retornaria para sua casa, ou mesmo para um quarto comum no hospital. E era assim, dia após dia, que presenciávamos idosos com doenças irreversíveis sendo colocados na UTI para que suas vidas fossem preservadas por mais tempo. A qualquer custo.

Esse não é um problema brasileiro, e sim mundial. Quanto mais tecnologia disponível, maiores as chances de um idoso com uma doença grave terminar seus dias numa UTI. Não se trata de preconceito contra idosos, e nem de tentar reservar vagas de UTI para pacientes mais jovens. A questão é que a UTI, por mais moderna que seja, não pode oferecer a esses pacientes (e aos seus familiares) o que eles realmente esperam: uma vida aceitável de volta. Essas pessoas acabam se vendo inconscientes, com tubos por todos os lados, longe de tudo o que lhes é mais caro, por não oferecermos a elas o que realmente precisam: a compreensão de que suas vidas estão chegando ao fim e que a Medicina não poderá reverter esse quadro. Não é crueldade ou frieza, pelo contrário: é preciso ter uma enorme compaixão e uma preocupação genuína com o bem estar dos pacientes terminais para iniciar uma conversa que lhes permita escolher se é realmente assim que eles querem passar seus últimos dias. É preciso coragem.

Uma revisão recente realizada por especialistas da University of New South Wales, na Austrália, descreveu que cerca de ⅓ dos pacientes terminais receberam tratamentos que não lhes proporcionaram qualquer benefício. Cerca de 77% receberam antibióticos desnecessários, tratamentos cardiovasculares, digestivos ou endocrinológicos não benéficos, diálise, radioterapia, exames desnecessários ou mesmo quimioterapia. Exames foram realizados até mesmo em pacientes com desejo expresso de não serem ressuscitados, caso apresentassem uma parada cardíaca.  Nada disso impediu que os pacientes viessem a falecer. Na verdade, a percepção geral é de que alguns desses tratamentos até mesmo aceleraram sua morte. Um cenário desolador.

Estima-se que metade dos idosos que morrem em UTIs poderia ter passado seus últimos dias em suas próprias casas, com maior conforto, e com o mesmo tempo de vida. A maior parte deles recebe tratamentos desnecessários por insistência de seus familiares, e não há muito o que os médicos possam fazer diante de uma família desesperada que se sente responsável pela preservação da vida de um ente querido. Médicos têm em suas mãos uma tecnologia quase infinita para manter corações batendo, rins funcionando, ou pulmões cumprindo sua missão. A questão é que manter um corpo em funcionamento nem sempre é sinônimo de preservar uma vida.

Aos 99 anos, ela entrou para essa triste estatística. Foram quase 40 dias de UTI, sem uma palavra, um abrir de olhos, uma despedida. Exatamente como muitos dos idosos que foram seus vizinhos durante esses longos e difíceis dias. Dificilmente a solução para essa realidade assustadora será rápida ou simples. Ela envolve uma compreensão ampla e contínua, tanto dos pacientes quanto dos familiares e médicos que os rodeiam, de que não é necessário lutar ferozmente contra a morte quando ela é inevitável. É mais inteligente e humano aceitá-la como parte da vida, e procurar ressignificar cada um dos nossos momentos finais. É mais coerente gastar nossas energias finais deixando legados, exprimindo nossos sentimentos para quem realmente os merece, priorizando o que nos é valioso. São essas as coisas que dão sentido às nossas vidas, e não o tempo em que mantemos nossos corações batendo.

UTIs são incríveis para um grande número de pacientes, que têm suas vidas restauradas e devolvidas, permitindo que voltem intactos para suas famílias e desfrutem de anos junto delas. Mas são terríveis e cruéis para aqueles que já cumpriram sua missão e cujas vidas não podem ser consertadas por tubos, drogas e aparelhos. Elas simplesmente não foram feitas para isso.

 

 

89 comentários sobre “A UTI dos idosos

  1. Achei forte e verdadeiro. …
    Por todas essas razões preferimos deixar minha mãe em seus últimos dias em casa, rodeada por filhas , genros aproveitando para se despedir de quem realmente já tinha cumprido sua missão de uma maneira majestosa. …
    Sim é difícil se despedir de quem amamos….mas existem casos que nem se tem essa chance….e ela se foi como um anjo….e nós ficamos com a saudade e lindas lembranças. .
    Adorei Dra.Ana Lúcia. …me avise qdo sair o próximo livro….
    Bj no coração. .

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    • Pois passei por isso, vendo minha mãe finalizando pedindo para vir para casa, dias de uti,depois a trouxemos para casa , com dificuldades de se alimentar ,usando sondas foi terrível ,veio falecer dias após sofrimento em ut. Quem escreveu este texto esta correto,infelizmente dificil aceitarmos ,mais o correto de ser feito.lamento

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    • Belo texto. É o que nós, geriatras, achamos. Temos muita distanásia, muito sofrimento desnecessário, por nosso amor mesquinho. Parabéns pelo texto!

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      • Também acho muito egoísmo manter alguém vivo por decisão dos que estão fora dá UTI . Cumpriu sua missão só temos que rezar que faça sua partida em paz.

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    • E foi assim que ajudei minha mãe a partir, já na altura de seus 87 longos, valiosos e honestos anos vividos, criando 6 filhos e alguns netos, com inteligência e sabedoria para alguém minimamente letrada. Internada na UTI de um hospital, era mantida inconsciente e precariamente viva por ordem e conta de interesses econômicos, já que o seu plano de saúde tudo cobria. Lá pelo quadragésimo dia no local, por acaso, fui o escolhido para visitá-la. Justamente naquele momento presenciei um enfermeiro dando-lhe choques no peito que fazia seu corpo saltar sobre a cama, emitindo desesperados Söns que ainda hoje repercutem em meus ouvidos. Tomado por coragem singular, bradei em alto e bom tom que retirassem naquele momento aquela parafernália torturante… Horas depois passava minhas mãos por aquele rosto inerte e angelical, que esboçava uma serenidade encantadora, própria de quem viveu vida exemplarmente honesta . Descanse em PAZ minha doce e querida mãe Zilda Rocha Mundim.

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    • Coerente em seu conteúdo é realmente isto acontece todos os dias. Poucas são as famílias que conseguem ter este entendimento e sentimento.

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      • Um belo testo para refletir-mos quem somos, somos apenas seres humanos de passagem, portando devemos ter mais amor com nossos irmãos independente de seus credos, sua cor porque sempre serres humanos.

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    • Obrigada pelos comentários, Lene! Nunca é fácil se despedir, mas negar a realidade pode ser ainda mais doloroso, né? Bjo, querida!

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    • Existem três formas de morrer:a Ortotanásia, eutanásia e a distanásia. Aqui são descritos casos de distanásia, prolongar a vida artificialmente, a qualquer custo, onerando a família, a sociedade e tirando a chance de salvar pessoas reciperaveis.Vale só a Ortotanásia, morte natural, sem artifício que prolongue o sofrimento.

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      • Exatamente, José Mariano! Os paliativistas lutam para que todos os pacientes tenham direito à ortotanásia, e muitas pessoas confundem o termo com a eutanásia (que não tem NADA a ver com ortotanásia). Obrigada pelos seus comentários!

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    • É uma decisão difícil. Fica sempre a dúvida de que estamos promovendo a eutanásia.amo minha mãe , esteve por duas vezes pronta pra voltar pra casa, quando reinfectou. Não pudemos retirá-la , mas tomamos a decisão de não. Fazer qualquer procedimento invasivo ou dê ressuscitamento. Ela está no quarto, e lá está sendo ministrados as drogas para seu conforto.. estamos juntos a ela durante todo o tempo. Mas a dor e muita. Ama e cuidar ainda tem muitas vertentes.
      O texto é duro mas bastante real

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    • O que fazer, praticar a Eutanásia ?

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      • A eutanásia é crime em nosso país, Carlos, então mesmo que fôssemos favoráveis a essa prática não poderíamos adotá-la.O que acredito é que em situações que não podem ser revertidas (como as descritas no texto), não deveríamos utilizar a tecnologia médica para prolongar dias de vida quando essa vida é indigna e permeada de sofrimento. Deveríamos aceitar nossos limites, aceitar que a vida é finita, e concentrar nossos esforços para minimizar o sofrimento nesse final. O problema é que grande parte dos médicos não conhece outras opções para o controle do sofrimento, como o manejo adequado dos sintomas, sedação paliativa ou até mesmo extubação paliativa, que são procedimentos amplamente estudados pelas equipes de Cuidados Paliativos e que permitem a morte natural e sem sofrimento desnecessário. Levar um paciente em fase final de vida para uma UTI sob o pretexto de “fazer tudo para salvar sua vida” é uma grande ilusão que causa dor e sensação de desamparo, tanto aos pacientes quanto aos familiares. Portanto, não se trata de praticar eutanásia ou de acelerar o processo de morte desses pacientes, e sim de permitir que suas vidas se encerrem no tempo delas, sem prolongamento desnecessário de seu sofrimento. Chamamos isso de ORTOTANÁSIA. Espero poder ter esclarecido! Um grande abraço!

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  2. Após digerir a informação de que meu pai teria alguns dias de vida, em meio a lágrimas, foi essa a nossa decisão. Pedi apenas que não tivesse sofrimento nem físico, nem emocional.

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    • É uma decisão difícil e amarga, Yasmin, mas ignorar que aquela pessoa que amamos está partindo me parece ainda mais triste. Ãs vezes somos cruéis até. Decisões como a de vcs exigem amor, coragem e lucidez. Um grande abraço!

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      • MUITO BOM O TESTO, EU SEMPRE ACHEI QUE DEIXAR UMA PESSOA NO FINAL DA VIDA, EM UMA UTI, UM LUGAR TRISTE E SOLITÁRIO ,ONDE ESSA PESSOA CRIOU UMA FAMÍLIA, VIVEU RODEADO DE FILHOS DE NETOS E AMIGOS, E DEPOIS NA ULTIMA HORA , NÃO TER NINGUÉM PARA SEGURAR SUA MÃO E DIZER VAI EM PAZ, E TRISTE MAIS É A REALIDADE ,TODOS IREMOS PARTIR UM DIA ,

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  3. Muito obrigada por esse texto! É exatamente tudo que sempre pensei e questionei na faculdade. Sou aluna de Medicina indo pro Internato e sinceramente não compreendo porque muitos médicos não pensam assim…

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  4. Verdade João, eu tive a felicidade de minha mãe ter entrado num CTI sem
    Esperanças porém encontrou uma equipe onde estava vc, que lutaram para salvá-la, ficou muitos dias mas foi uma vitória, mas nesses casos é melhor ficar em casa com seus entes queridos, pois uma UTI, fatalmente não vai resolver esses problemas infelizmente, pois temos nosso tempo aqui nessa vida. Vc é brilhante.

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  5. Trabalho a 14 anos com idosos e é a isso que me refiro sempre . Trabalho a finitude dos meus idosos junto às famílias e vejo assim como o nascimento a partida um momento ímpar …. Só quem vive e convive para saber como é grandioso a partida ! Lindo de morrer !!!!

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  6. É verdadeiro !
    Mas não precisa fazer uma PEC do Limite pra isso tambem !

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  7. Trabalho com internação domiciliar e muitas e muitas vezes vemos a família com esse dilema, querem internar na esperança de ter melhora ou por medo de ter deixado de fazer algo. O óbito domiciliar, para alguns, ainda é. Sinal de negligência.

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    • Essa é uma realidade dura, Sirlei, e não é só brasileira. Mesmo nos países em que o óbito domiciliar é uma realidade há mais tempo ainda existe esse preconceito. Mas essa compreensão vem melhorando! Um abraço!

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      • Perdi minha maezinha faz 23 dias…sorte ter sido 6 dias no quarto…qdo foi p uti num turbilhao de emocoes jamais sentidas sabia q aconteceria um milagre ou ela iria nos deixar..fui visitar horas depois…ela n estava mais ali…vi seu corpo fragil mantido por maquinas…jamais esquecerei a cena triste daquela uti.ela deixou um legado lindo.

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  8. Maravilhoso o texto! Obrigada pela reflexão.

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  9. Realmente verdadeiro e consequentemente de uma pureza muito bela!!

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  10. Eu vivi essa triste realidade no hospital do idoso onde trabalhei como psicóloga. Me cortava o coração ao ver meus lindos pacientes sendo transferidos para UTI e lá terminavam seus últimos dias numa solidão terrível. Mesmo sem falar, era visível no olhar vazio o pedido de socorro: “…me deixa partir perto das pessoas que amo, perto das minhas coisas”…

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  11. OK. Perguntem ao Dr. Reinaldo Flavio Costa Ramalho se conhece esta Senhora…

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  12. Concordo totalmente com o texto. Hoje o que vemos nos internamentos em UTI é exatamente o contrário do que prega o texto. As famílias que não souberam cuidar de seus parentes idosos em vida querem um alívio para suas consciências quando os vêm indo embora e querem compensar o seu débito com os aparelhos e drogas modernas. Os médicos ficam com medo dos processos. Os hospitais (privados) têm nestas unidades grande fonte de lucro, e o falido SUS uma fonte de despesa sem fim. Assim, Uti’s passaram a ser uma unidade de pré-velório, e a morte natural é interpretada como erro médico. Sugiro uma estatística do índice de óbitos em UTI levando em consideração a idade dos pacientes. Vai confirmar o conteúdo do lúcido texto.

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  13. Na verdade estamos neste mundo de passagem… nascemos, vivemos e morremos. Vamos embora, viemos sem nada e vamos sem nada dos bens materiais. Procuremos sempre viver com honestidade, amor ao próximo e com profunda convicção de sempre estarmos sendo dignos!

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  14. Acho muito egoismo nosso, tentar manter ao nosso lado uma pessoa idosa sofrendo. Minha mãe faleceu em casa. Não sofreu com tubos, etc. É muito dolorido, a despedida e a saudade quase matam a gente por dentro. O coração arrebenta. Mas hj estou feliz por ela não ter sofrido todos esses traumas.

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  15. Poder suportar a morte de um ente amado é uma prova de amor. Quando a vida está finalizando, respeitemos esse tempo…deixe o seu doente perto de vc e o ajude a morrer em paz, cercado do carinho dos seus.

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  16. Devemos de lutar pelo direito a eutanásia, sugiram que assistam o filme “Escolha de Vida” baseado em uma história real, nos a inteira dimensão de como devemos agir, na espontaneidade de nossos compromissos com a vida que só a nós pertence e sem pieguismo.

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  17. Vivenciei a experiência com meu pai a 6 anos atrás; internado com Hupe.com uma cirrose hepática em fase terminal; pedi a médica que colocassem no soro; sonda de alimentação e não fizessem mais nada.que Deus resolveria .

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  18. Belíssimo ,
    Puro , verdadeiro e honesto .
    O mundo seria muito melhor se todos pensassem Assim .
    Meus sinceros parabéns pela bondade de seus pensamentos e por um texto magnífico .
    Quiz fazer exatamente o que você faria , ‘mais a família não permitiu .

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    • É verdade, Fernanda… ainda temos muito o que caminhar em relação a como devemos nos relacionar com os pacientes e com as famílias. Mas estamos progredindo bastante. Uma Medicina mais humana e focada no paciente, não na doença,já é realidade em muitos locais. Um abraço!

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  19. Pouco relevante o tema perto da seriedade do fato “morte”, mas compreensível para o que são problemas de saúde pública. Para cada um creio que o que deva ser focado na matéria seja a humilhação da chegada do dia de sua morte com o comprometimento de suas faculdades mentais, de sua cognição…. isso é o que deve ser discutido, pois não há nada, nada mais terrível do que ver a mente de quem amamos destruída num leito, seja onde for. Porque o corpo pode parar, mas se a mente pára antes, aí não resta esperança alguma para o depois, e isso sim é de fazer chorar e tremer. Cuidem de sua mente e ajude a cuidar das mentes dos que mais ama. sabendo que se não haver “na cabeça” alinhamento de pensamentos com as verdades absolutas estabelecidas pelo Criador, sua mente perecerá. Busque verdades do referencial do Criador e largue seus achismos e visão soberba sobre o que pensa ser o certo ou errado (pq vc não tem absolutamente NADA de criador), e sua mente talvez terá condições de transpor o último inimigo (a “morte”). Isso é relevante.

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  20. Quem pode nos dizer se a não ação não gerará uma agonia ao nosso ente ainda pior que nossa ação pelo não sofrimento?
    Eis a questão…

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    • Exatamente, Fernando, eis a questão. É por isso que hoje temos as chamadas Diretrizes Antecipadas de Vontade, nas quais os próprios pacientes determinam, com antecedência, que tipo de procedimentos estão dispostos a tolerar, onde gostariam de passar seus últimos dias, com quem, e de que forma. Isso ajuda muito na tomada de decisões na fase final da vida. Se fizer sentido para a pessoa terminar seus dias numa UTI, por que não? A questão é que, para a imensa maioria das pessoas, essa é uma opção terrível de se imaginar. Por isso não há uma fórmula mágica que determina qual a melhor abordagem final para todo ser humano. Cada pessoa é única, e tem o direito de decidir sobre como viver sua vida até o final. Obrigada pelos comentários! Um abraço!

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    • Concordo! Essa unanimidade toda me preocupa.

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  21. Minha mãe também estava sofrendo e eu vendo fui a um canto do hospital e rezei pedindo que Deus . . a levasse . Meia hora depois fui atendido.!!!!

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  22. E foi por isso que negamos novas sessões de quimioterapia em meu pai. Decisão difícil mas unânime entre nós da família. Seu câncer de pulmão já tinha ido ao cérebro, e meu pior dia foi qdo o médico me disse isso. Seria um sofrimento pior do que já estava. Seria uma luta em vão. E eu…sem chão!
    Ele já não comia, não andava e eu nem sequer podia mais conversar o assunto que ele abordava de anos atrás como se tivesse sido ontem. Preso em uma cama e definitivamente para mim, aquilo não era vida. Nunca mais seria sua vida. Seu ultímo mês foi cercado de carinho e cuidados em casa, após passar mais de 20 dias internado. E sua liberdade chegou. Sim, foi uma libertação!

    Minha irmã se foi pouco tempo depois. A apoiei qdo disse que não queria mais fazer quimio. Já tinham sido 13 anos de luta, ela estava exausta e preferiu viver seus últimos dias da melhor forma possível. Respeitar sua decisão acredito ser por amor. ( e agora que li ” Diretrizes Antecipadas de Vontade” tenho certeza de que sua médica Juliana sabia tb de suas intenções. Confesso que estou curiosa)

    Amamos até o fim. Além dele pois o amor permanece.

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  23. Meu guerreiro vai fazer três meses que seu corpo físico já não está mais aqui. Foram anos de luta por conta de Mal de Alzheimer, além de ser cardiopata. Nos últimos dois anos esteve três vezes entre UTI e UCI. Após o ultimo internamento na UCI, ele conviveu conosco 14 meses onde tudo era motivo de festa. Ele que amava as festas típicas do nordeste precisava vive-las intensamente e assim foram seus dias até que no dia 04/11/2016 uma nova entrada na emergência e após sete horas ele dar entrada novamente no CTI e permanece quase dois dias. O que me conforta antes dele ter se agravado foi conversar com ele assim: Oh Coisa Rica! Eu te amo! Bença meu pai. E ele me respondeu: Eu também te amo. Deus lhe abençoe. Estas foram as ultimas palavras do meu pai para mim.

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  24. Bom saber que muitas pessoas pensam como eu. Tenho certeza que deixar morrer dignamente, é em casa.

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  25. Como bem já se falou é muito forte, só quem sabe o sofrimento vivido em uma UTI entenderá. Nos últimos dias de minha sogra foi permitido que retirasse tudo que não mais adiantava e que estava machucando e após alguns dias no apto ela finalmente encerrou seu testemunho de um AVC que há deixou sequelada e totalmente dependente.

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    • Poisé, Lucicleide… são decisões muito difíceis sempre, tanto para a equipe médica quanto para a família. Por isso precisamos falar mais sobre o que desejamos para o nosso final. Obrigada!

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    • É sempre muito difícil mesmo, Lucicleide. Quando as pessoas têm a chance de se verem livres de procedimentos, tubos e outras parafernálias que as estão “machucando”, como você disse, podemos considerar uma bênção. Normalmente não é assim. O que vemos são procedimentos e mais procedimentos na tentativa de prolongar a vida de alguém que não está mais ali, e às custas de grande sofrimento. Obrigada pelo comentário! Um grande abraço!

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  26. Parabens Dra Ana… Excelente texto… como seria bom se todos os colegas médicos tivessem o mínimo conhecimento sobre paliatividade… o que traria consequentemente resposta imediata nas condutas medicas no que tange a dignidade humana….

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    • Concordo, Anderson. Estamos muito longe das bases da saúde, que envolviam o cuidado individualizado e proporcional a cada condição. Mas estamos caminhando!! Obrigada pelo comentário!

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    • Obrigada, Anderson! Os conceitos de Cuidados Paliativos, assim como de Slow Medicine (“Medicina sem pressa”) estão, felizmente, sendo cada vem mais divulgados. No futuro teremos uma medicina mais digna.

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  27. Temos o direito de nascer e morrer com qualidade e dignidade. Manter um idoso ,em fase terminal, a uma UTI, é tirar-lhe o direito á felicidade, carinho e a presença de quem por longos anos fez parte de sua trajetória de vida.

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  28. Peço desculpas, mas discordo em parte do que o texto apresenta.
    Passamos por isso há menos de 2 meses com nossa mãe, que foi internada na UTI e, infelizmente, faleceu. Estava com 81 anos.
    Quem poderá afirmar que uma pessoa chegou, de fato, ao final da vida? Será que esta decisão não cabe somente a ela? Ao corpo dela? Se há 1% de chance, ou menos, quem somos nós para duvidar, inclusive, que um milagre poderá acontecer e ela poderá retornar à vida que tinha antes? Quem somos nós para decidir por ela? Para abreviar um processo que é dela? Alguns dirão: “Não quero que ela sofra”, mas será que, na verdade, não estão abreviando o próprio sofrimento em lidar com a morte, com a dor?
    Difícil mesmo é aceitarmos nossa condição de humanos neste mundo, aceitarmos que há coisas que não controlamos, e a morte faz parte delas. Temos a tendência de substituir nossas inseguranças por certezas, justificativas, teorias, estatísticas…
    Acredito que a morte é sempre um mistério individual. Ninguém tem todas as respostas, ninguém está a salvo de passar seus últimos dias na UTI, ninguém está a salvo de SOFRER. Esta é a regra da vida. Incerteza sobre o dia de amanhã. Então, não me parece muito lógico ficar discutindo com uma pessoa, ou a respeito dela, sobre sua morte, supostamente, ou não, iminente, pois pode até ser que morramos antes dela. Quem é que sabe?
    Minha mãe não queria morrer. Submeteu-se aos tratamentos que lhe foram indicados na esperança de sarar, e nós, seus filhos, procuramos garantir que ela tivesse acesso a todos os recursos que a medicina disponibiliza para pessoas em sua condição. Procuramos respeitar o desejo dela de lutar pela vida até o fim. Mesmo que o médico nos alertasse de que as chances eram ínfimas. Procuramos respeitar o seu tempo, mesmo quando ele chegou ao fim, apesar de que, por nossa vontade, como pela de todos os filhos, as mães não deveriam morrer jamais.
    Respeito aqueles que tiveram uma experiência diferente da minha, que optaram, ou que gostariam de ter optado, por outros caminhos. Como eu disse, nenhum de nós tem todas as respostas, inclusive eu.

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    • Obrigada por compartilhar sua história e seu ponto de vista, Nelly. Na verdade, o que consideramos ideal em Cuidados Paliativos não é um processo em que o médico, a família ou quem quer que seja decidam o que deve ou não ser feito, ou até que ponto devem ser feitos procedimentos para prolongar a vida de uma pessoa. O que procuramos fazer é respeitar a autonomia do paciente, estimulando que ele próprio determine, enquanto ainda tem condições para isso, quais os procedimentos e situações que el(a) acha que valem a pena para continuar vivo. Isso se chama Diretivas Antecipadas de Vontade. Conheço pacientes que deixaram claro muitas vezes, durante a vida, que preferiam morrer a levar uma vida de dependência completa, na qual não poderão tomar decisões, comer sozinhos, respirar sozinhos, etc. Se a pessoa acredita que uma situação dessas é pior que a morte, quem somos nós para obrigá-la a continuar “viva” às custas de aparelhos e tubos? Talvez isso seja, para ela, o que chamamos de tortura. Essa é a questão: não há certo e errado, o que há é a autonomia da pessoa para que decida como gostaria de terminar seus dias.

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  29. Acredito que o caminho é a compaixão Devemos olhar o doente com carinho e nos colocarmos no lugar deles. Assistir a morte de alguém que amamos é difícil mas é possível. Deixar partir com respeito e carinho é um gesto de amor.

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  30. texto muito interessante para reflexão, já vi autores chamando tais Utis de “catedrais do sofrimento”…. talvez um dia venham a ser proibidas para o fim de simplesmente prolongar uma semi vida.

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  31. Acho que errei…pensando e desesperadamente desejando não perder minha mãezinha implorei aos médicos e a Deus que ela não fosse embora, eram só 69 anos e uma semana antes estávamos no shopping. São quatro anos que a minha vida nunca mais foi a mesma. Não tive a grandeza de pedir a Deus o seu descanso e mesmo diante de uma enfermidade agressiva e avassaladora na mente, no último dia em que fui vê-la na UTI não consegui lhe passar paz e tranquilidade para seguir e aceitar aquilo que não podia ser mudado, me agarrei a mão já fria da minha mãe e prometi que iria buscá-la que me esperasse e que não me deixasse. Fracassei com o amor da minha vida.

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    • Alessandra, nós nunca fracassamos por amor. Mesmo quando tomamos atitudes que parecem insensatas, bizarras, covardes ou o quer que sejam, a motivação é sempre mais importante do que o ato em si. Não se culpe por isso. Perder a mãe é uma dor que beira o insuportável. Impossível julgar a atitude de uma filha diante de uma situação como essa. Fique em paz.

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  32. Às vezes é tanta dor, tanta náusea, tanto sofrimento que a equipe e a família simplesmente não estão preparados.
    Vejo a distanásia em UTI mais como uma consequência da deficiência na formação dos profissionais de saúde para as realidades que se apresentam.
    O bom profissional de saúde, quando sai da faculdade, se refestela em ser o pau-pra-toda-obra de emergência, o recém-formado que fez ACLS, que faz e acontece nos procedimentos invasivos como intubação e acesso venoso central.
    O que os estudantes de medicina, cardiologistas, pneumologistas, intensivistas, etc, procuram em artigos científicos??? Estratégias para diminuir a mortalidade!
    Os cuidados paliativos são vistos como matéria de exceção para nichos específicos (geriatria, onco-hemato e em algum grau a neurologia mesmo para os recém-chegados ao mercado de trabalho).
    Na maioria das demais especialidades a experiência e os confrontamentos diários tornam o profissional mais preparado para discutir essas diretrizes de conforto e abandonar o raciocínio da mortalidade para a qualidade de vida.
    Eu chamaria da síndrome do “médico no cavalo branco” como um dos principais obstáculos associados a esse quadro de “UTI dos idosos”.
    Claro que o problema é bem mais complexo pois os próprios hospitais não oferecem unidades de cuidados paliativos (basicamente por questões de lucro frente aos planos de saúde) e também a discussão de paliação raramente deveria ser abordada em uma UTI… No mundo ideal, cuidados paliativos seriam iniciados no momento do diagnóstico de uma doença crônica irreversível e desenvolvido ao longo do tratamento e do desenvolvimento de sintomas que causem sofrimento.

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  33. Perfeito. Concordo 100 por cento.
    Ronaldo

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  34. Vi meu filho aos 29 anos partir. Ele se foi eu segurando sua mão e acariciando seus cabelos, eu com a voz embargada e o coração doendo, uma dor inexplicável dizia para ele partir,descansar que breve eu iria me encontrar com ele e assim foi. Por amar meu filho orei pedindo a Deus para leva-lo e assim aconteceu a passagem do Joaquim . Foram dois longos dias na UTI . Fico imaginando o sofrimento dos familiares e dos doentes que passam dias, meses anos em uma UTI. Vocês devem estar pensando o porque desse desabafo. Tudo isso para dizer que sou totalmente contra o prolongamento de uma vida, respeitando a forma de pensar e o sentimento de pessoas que pensam ao contrário, enfim sou totalmente a favor da ortotanásia

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    • Fiquei muito emocionada lendo sua história, Celeste. Embora eu já tenha presenciado um número bastante significativo de mães perdendo seus filhos, acredito que essa talvez seja a perda com a qual tenho mais dificuldade de lidar, talvez por eu mesma ser mãe. Presenciar a devoção incansável dessas mães é, ao mesmo tempo, tão triste e tão profundamente bonito. Uma das histórias que descrevo no meu livro No Final do Corredor, chamada “A Hora Certa”, fala justamente sobre isso. Para mim, é como assistir ao amor se materializando em toda a sua magnitude. Sinto sua perda, receba meu abraço carinhoso, e minha admiração sincera. Bjo grande.

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  35. Parabéns pelo texto, fiquei pensativa qdo li tudo isso, reflexiva, pensando como ainda temos muito que aprender!!
    O sofrimento do outro nos faz sofrer muito mais, a despedida nem sempre é do jeito que gostaríamos, vale a pena deixar que os nossos queridos idosos adormeçam ao nosso lado!!!
    Bjus

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  36. Parabéns pelo texto, fiquei pensativa qdo li tudo isso, reflexiva, pensando como ainda temos muito que aprender!!
    O sofrimento do outro nos faz sofrer muito mais, a despedida nem sempre é do jeito que gostaríamos, vale a pena deixar que os nossos queridos idosos adormeçam ao nosso lado!!!
    Bjus

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  37. Meu pai estava com doença de Alzheimer na forma moderada e teve uma isquemia cerebral extensa e precisou ir para UTI.
    Eu , como médico estava no plantão e ele precisaria ser intubado para ventilação mecânica.
    Coloquei-me no lugar dele e não o intubei e ele se foi como um passarinho! Se sobrevivesse deterioraria em miuto a sua já medíocre qualidadede vida!
    Eu já vinha conversando com familiares de outros pacientes quanto a não contrariar a natureza , como dizia há muitos anos um nosso colega médico.
    Então ,vivamos a vida intensamente enquanto houver qualidade de vida, pois bem sabemos que há um tempo para nascer, um tempo para viver e,enfim um tempo para morrer! Abraços!

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    • Suas palavras são música para meus ouvidos, João. Pensar “no que vem depois” antes de tomar qualquer atitude em pacientes com doenças graves, irreversíveis, deveria ser uma rotina óbvia para nós médicos, mas não é. Muito obrigada pelos comentários! Um grande abraço!

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  38. A serenidade da morte perdida. O seu esperar em tamanha solidão é entristecedor.
    O dilema médico que sofre junto e impotente.

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  39. Pingback: Slow Medicine: um artigo de Dennis McCullough - General and comprehensive content

  40. Otimo artigo. De certa maneira, um fator determinante para q isto aconteca e q o Plano pague conta. Parte destas familias q tanto insistem p q os medicos facam “tudo” para manter a vida daquele paciente q vegeta n venderiam seus bens para q isto fosse feito, mas como o plano paga..
    Outrosh acham q ter a consciencia traquila q cuidou do idoso e insistir q tudo seja feito, para manter a “vida”. Nao entendem q o idoso em estado terminal precisa MUITO de carinho, da presenca fisica dos familiares, de preferencia num quarto ou na sua pp casa, caso isto seja possivel.
    Os medicos, ao verificar a inviabilidade daquela vida, tem q conversar com os familiares e mostrar o q e melhor p o doente. Muitos porem nao o fazem por receio de nao ser aceito ou..de “perder” o paciente..muito triste tudo isto…

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  41. Dra. Ana, felicitações por já estar exercendo a Medicina do futuro.
    Independentemente da situação dos pacientes, o modelo atual de UTI é desumano.
    Qualquer modelo que afaste a presença do carinho e a compaixão deve ser modificado. Não há antibiótico que substitua a energia revigorante do amor. Seja para manter o corpo físico, seja para voar entre as estrelas.
    Namastê!

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  42. Acho q todos tem direito à vida, a ser cuidado! Se nasce um bebê c uma doença irreversivel, ninguem quer “deixá-lo a própria sorte”, ou “matá-lo”! Sou contra cuidados paliativos!

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    • Olá, Márcia! Concordo totalmente com vc sobre todos terem direito ao cuidado, e é justamente por esse motivo que faço cuidados paliativos. Assim como você, fui ensinada por muito tempo que cuidados paliativos significavam não fazer mais nada pelos pacientes ou, pior ainda, praticar eutanásia. Hoje posso garantir a você, com tranquilidade e sem sombra de dúvidas, que cuidados paliativos são exatamente o oposto de “deixar as pessoas à própria sorte” ou “matá-las”. As equipes de Cuidados Paliativos são treinadas para promover conforto e suporte nas situações difíceis da vida, aquelas que provocam sofrimento, limitação da qualidade de vida e, muitas vezes, culminam com a morte da pessoa. A morte é inevitável, faz parte da vida. Quando estamos diante de uma situação em que a morte é claramente inevitável (como as situações que descrevi no texto), e nas quais a vida das pessoas se tornou indigna e sofrida, não é ético, humano ou caridoso nos utilizarmos de tecnologia médica apenas por termos essa tecnologia à mão. Isso aumenta o sofrimento e o desfecho é o mesmo. O que os cuidados paliativos fazem nessa situação é construir, junto ao paciente e sua família, uma estratégia de cuidados que lhes traga alívio do sofrimento e que seja compatível com seus valores e expectativas. Se para essas pessoas for importante receber o suporte de uma UTI para terem a sensação de que “lutaram até o fim” ou foram cuidados da melhor forma possível, os paliativistas apoiarão suas escolhas. Não se trata de ser contra as UTIs ou contra a tecnologia. Nosso desafio é o fato de que muitas pessoas acabam dessa forma porque não foi oferecida outra opção melhor para aliviar um grande sofrimento (como falta de ar, dor, confusão mental, angústia, insônia, ou quaisquer outros sofrimentos comuns na proximidade da morte). Equipes de Paliativos são treinadas para oferecer essa opção: aliviar o sofrimento e apoiar essas pessoas, incondicionalmente, até que o momento de sua morte chegue. Sem abreviar sua história e sem prolongar sofrimentos desnecessários. A senhora de 99 anos descrita no texto, infelizmente, foi minha avó, e sei bem que ela não teria escolhido terminar seus dias entubada na UTI longe de nós. Espero poder ter esclarecido um pouco do que são cuidados paliativos, e agradeço demais seus comentários. Um grande abraço!

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  43. Vou fazer enfermagem…pra poder derramar meu amor nos pacientes…sentimento despertado de tantas idas ao hospital com minha maezinha e qdo ela estabilizava eu acalmava os pacientes ao redor ate serem atendidos.
    Muito alem da profissao….meu coracao se enche de poder ser util no momento tao delicado.

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  44. Você é extraordinária Dra Ana. Uma alma sensível e verdadeiramente humana.
    Como esse texto é atual em tempos de COVID

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  45. Estamos passando por esta fase em nossas vidas.Meu paizinho, apos um AVC agora em fevereiro, foi ficando cada vez mais debilitado, onde agora esta usando sonda para alimentar-se e conseguir urinar, pois sua bexiga já funciona mais. Esta completando 20 dias de internação, onde agora pegou uma bacteria que esta o deixando cada vez mais fraco e sofrendo. Ontem a medica que esta cuidando dele teve esta conversa comigo, onde deveriamos optar por deixa-lo confortavel para que seu processo de vida ate sua partida se concretizasse naturalmente, ou optarmos por tentar de todas as formas prolongar a vida, mesmo que com muito sofrimento e dor, e isolamento, pois se for necessario estes procedimentos, perderiamos o total contato com ele Nos como filhas optamos por dar a ele a companhia e o amor de todas nos, ate chegar seu momento. claro que ainda estou com a total fé e esperança que ele possa ser curado desta comodidade, jamais desistiremos de confiar em Deus, porem não queremos que ele sofra ainda mais, com estes procedimentos tão dolorosos, sedado, os pacientes não podem ter o carinho da familia neste momento tão dolorido, onde oque eles mais precisam é amor.

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  46. Pingback: A VIDA LONGA DEMAIS E AS UNIDADES DE SOFRIMENTO INTENSIVO | Revista Afeto

  47. Estou passando por essa dor nesse momento, dia 07/01/2024 meu amado esposo teve um AVC com coágulo no cérebro, no dia seguinte a pressão dele subiu para 25 e para preservar a saúde dele teve que sedar e entubar. No dia em que deu o AVC, o médico disse que teria que operar, mas ele estava tomando um anticoagulante devido um coágulo no coração e não pôde operar. Dia 10/01/2024 tiraram o sedativo dele, ele continua entubado e até agora não voltou.
    O médico disse que ele está em coma profundo, que o cérebro dele já deve ter parado e estão fazendo exames para confirmar se o cérebro parou ou não.
    E eu estou aqui, aflita, angustiada, parece que o ar me falta, desesperada, com medo de ouvir essa notícia. Estou apegada em Deus, pedindo forças e misericórdia, mas que seja feita a vontade Dele.

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