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Por que sermos apenas maus, se podemos ser cruéis?
Já tinham se passado várias semanas desde a primeira vez em que Bernardo tinha entrado em contato com a minha secretária para agendar uma consulta para seu primo, Sandro, que tinha sido recém-diagnosticado com um câncer de pâncreas. Infelizmente, na época eu não tinha como atendê-los devido a compromissos que engarrafaram minha agenda, e agora…
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E que os anjos digam amém
Uma bênção logo na primeira consulta. E em todas as consultas que se seguiram depois. Era assim que nossas conversas terminavam: as mãos dele sobre minha cabeça, ele de olhos fechados por alguns segundos, murmurando as palavras abençoadas que trariam coisas boas para minha vida. Eu, com as mãos cruzadas na frente do corpo, fechava…
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Sobre as perdas de cada dia
Karina chegou pela primeira vez ao consultório acompanhada do marido, Cláudio, e dos seus inseparáveis sapatos de salto alto. Perto dos 50 anos, ela tinha no olhar o brilho das garotas de 20 e a serenidade das mulheres de 60. Veio para conversarmos sobre o câncer da mama, mas a conversa foi muito além. Falamos…
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Eu vejo com meus olhinhos…
“Eu vejo com meus olhinhos… um objeto verde!” Assim começava uma das brincadeiras que mais divertiam a Lorena, minha filha caçula, até muito pouco tempo atrás. Primeiro, vinha a cara de sapeca. Depois, os olhinhos revirando em todas as direções, buscando um objeto que fosse difícil de ser “adivinhado”. E então vinha a frase: “Eu…
