Uma equipe de Cuidados Paliativos é, essencialmente, multiprofissional. Embora a composição mínima da equipe, de acordo com instituições mundiais, inclua médico, enfermeiro e assistente social, na prática dos pacientes oncológicos é inviável oferecer assistência de qualidade sem o envolvimento de outros profissionais, como psicólogo, terapeuta ocupacional, nutricionista, fisioterapeuta e equipes de apoio (como Cirurgia e Radioterapia, por exemplo). Essa necessidade mais ampla se deve à imensa heterogeneidade das necessidades individuais dos pacientes e familiares. Nenhuma formação profissional é suficientemente ampla para abordar todos os aspectos da complexidade humana.
A presença de um coordenador médico faz-se essencial para que a organização da equipe transcorra de forma adequada. O profissional deve ter conhecimento das patologias que acometem os pacientes, sendo também imprescindível que tenha formação avançada em Cuidados Paliativos, compreendendo seus conceitos e dominando as técnicas e procedimentos inerentes ao alívio dos sintomas. Todos os demais médicos envolvidos com a equipe devem estar familiarizados com os conceitos em Cuidados Paliativos, preferencialmente através de formação específica na área.
A equipe de Enfermagem desempenha papel essencial na equipe, atuando como elo entre os pacientes, familiares e demais profissionais da saúde. É importante que pelo menos parte dos enfermeiros e técnicos em enfermagem tenham formação em Cuidados Paliativos, garantindo assim a compreensão da abordagem oferecida, bem como as técnicas relacionadas à sua atuação (como hipodermóclise, por exemplo).
A participação ativa de assistentes sociais é ponto crucial para garantir o suporte domiciliar dos pacientes, acesso aos medicamentos necessários, bem como auxílio em procedimentos burocráticos (como direitos do paciente ou documentações). A abordagem social perfaz a base indispensável para a execução adequada das estratégias da equipe.
O envolvimento efetivo de psicólogos também é indispensável. O impacto emocional de doenças e situações que ameacem a vida (e/ou sua qualidade) pode trazer consequências danosas tanto para o paciente quanto para seus familiares, podendo chegar a impedir o controle adequado dos sintomas e até mesmo limitar seu tempo de vida. A abordagem adequada dos aspectos emocionais mais complexos é ferramenta-chave para o sucesso terapêutico.
Os terapeutas ocupacionais desempenham papel importante nas equipes de Cuidados Paliativos. Através do resgate de atividades significativas, escolhidas de acordo com o perfil individual de cada paciente, é possível otimizar a autonomia deles, melhorando consideravelmente sua qualidade de vida. Além disso, a abordagem da T.O. auxilia os familiares a construir um ambiente mais acolhedor e estimulante ao paciente, proporcionando melhor convivência e evitando desgaste nos relacionamentos.
O suporte de fisioterapeutas com formação em reabilitação pode ser peça-chave na recuperação da auto-estima e autonomia dos pacientes. Sua atuação proporciona melhora física significativa, podendo ser o ponto de partida básico para a plena recuperação dos outros aspectos da existência do paciente.
Da mesma forma que a fisioterapia, a intervenção nutricional também é capaz de fazer a diferença na recuperação física do paciente e, quando isso não é possível, permite significativa melhora de sintomas, inclusive emocionais.
A atuação de outros profissionais, como farmacêuticos, musicoterapeutas, terapeutas reikianos, capelães, entre outros, é altamente desejável, se disponível. O suporte amplo e irrestrito para todas as dimensões do ser humano é sempre o objetivo primordial da equipe.
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